A Terra formou-se sem uma atmosfera. De acordo com teorias modernas, o planeta formou-se por uma lenta acumulação de partículas sólidas e frias de todos os tamanhos, procedentes de detritos e restos solares. Os gases e água que agora constituem nossa atmosfera e oceanos eram componentes químicos de uma mesma mescla original (DONN, 1978, p. 4).
Com o passar do tempo, o calor liberado pelos processos radiativos e pela sedimentação de elementos mais pesados para o centro da Terra elevou a temperatura da Terra primitiva. Os elementos que constituíram a atmosfera e os oceanos iniciais foram expelidos do interior da crosta terrestre, acumulando-se lentamente até constituir a água e o ar que hoje rodeiam a Terra. Quando a vida ainda não tinha aparecido, existiam no ar apenas traços de oxigênio molecular, a atmosfera era composta principalmente por CO2 e vapor d'água expelidos pela intensa atividade vulcânica; só posteriormente, com o aparecimento das primeiras plantas verdes capazes de fazer fotossíntese, que o oxigênio livre surgiu (DONN, 1978, p. 4).
Nas fases iniciais de formação do que a Terra é hoje, as concentrações de gás carbônico (CO2) na atmosfera eram muito altas, decorrentes principalmente da grande intensidade das erupções vulcânicas. O gás carbônico começou a decrescer em quantidade na atmosfera quando transformado em depósitos calcários pelas algas marinhas; este processo de decréscimo de CO2 teve duas fases: primeiramente - há 600 milhões de anos -, com a proliferação de protozoários calcários, os foraminíferos e posteriormente - há 350 milhões de anos -, pela proliferação de pteridófitas. Porém, no meio do período Cretáceo - há 100 milhões de anos, na época dos dinossauros -, as concentrações de CO2 na atmosfera ainda eram muito altas, estimadas em 10 vezes mais que nos dias atuais. Uma forte redução no vulcanismo teria provocado uma sensível baixa nos níveis de CO2 na atmosfera e uma aproximação aos níveis atuais (POSTEL, 1986, p.22). Após esta baixa, a terra conheceu sucessivas altas e novas baixas nos níveis de concentração de CO2 na atmosfera - que ainda hoje não são explicadas - e que muitos cientistas acreditam estar relacionadas com a sucessão de períodos glaciais e interglaciais do período Pleistocênico.
Nos últimos 200 anos, como já foi mencionado, a concentração de CO2 na atmosfera já aumentou 27% como fruto da crescente queima de combustíveis fósseis, pelo desmatamento das florestas e pelas mudanças no uso da terra.
Com a queima de combustíveis fósseis, o carbono armazenado é oxidado e liberado para a atmosfera em forma de CO2. Os combustíveis fósseis são os responsáveis por cerca de 75% da energia primária mundial, na proporção de:
1. petróleo - 32%
2. carvão - 26%
3. gás - 17%
O restante da energia primária é obtida de:
4. biomassa - 14%
5. hidroeletricidade - 6%
6. fissão nuclear - 5%
As emissões totais globais de CO2 para a atmosfera, resultantes da queima de combustíveis fósseis (incluindo fabricação de cimento), atingiram aproximadamente 5,65 Gt em 1987. Os EUA são a maior fonte mundial de liberação de CO2 por queima de combustíveis fósseis, com 1,202 Gt em média em 1986 (HALL e CALLE, 1989, p. 517).
O desmatamento tropical pela queima da biomassa, para uso agrícola da terra, para pastos e para uso de madeiras, é também um grande responsável pelo crescente aumento de CO2 na atmosfera. As florestas contêm de 20 a 100 vezes mais carbono por unidade de área que as plantações ou pastos. Com o desmatamento o carbono originalmente contido na vegetação e nos solos é liberado para a atmosfera em forma de CO2. Somente uma quantidade relativamente pequena de carbono é redistribuída na terra ou levada pelos rios.
A liberação global líquida de carbono, devida ao desmatamento entre 1860 e 1980 situou-se entre 135 e 228 Gt (WOODWELL et alii, 1983, p. 1082). Wilson sugere que somente nas 3 décadas entre 1860 e 1890 foram liberadas para a atmosfera 110 Gt devido à chamada agricultura pré-industrial (WILSON, 1978, p. 41). Algumas estimativas de entrada global líquida de CO2 na atmosfera devida a mudanças no uso da terra foram de 1,0 a 2,6 Gt em 1980 (HOUGTON et alii, 1987, p. 128).
Enquanto que Marland e Boden (1989) estimam uma média de 1,8 Gt (na faixa de 0,8 a 2,6 Gt), quase totalmente a partir dos trópicos (MARLAND e BODEN, 1989, citado em HALL e CALLE 1989, p. 521). Essas variações resultam das incertezas em relação aos estoques de carbono na vegetação e nos solos, à extensão dos diferentes tipos de florestas, às taxas de desmatamento e ao destino das terras desmatadas.
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