Transparente e tênue, a atmosfera que conhecemos é um estado de equilíbrio entre as concentrações de seus componentes.
As moléculas de nitrogênio, oxigênio e argônio que constituem quase a totalidade do ar são transparentes tanto às radiações infravermelhas como à radiação solar visível, tendo um poder de absorção praticamente nulo. Ao contrário, um certo número de moléculas presentes no ar que não representam mais que uma pequena parte dos componentes da atmosfera, em maior proporção vapor d'água (H2O) e dióxido de carbono (CO2) e em menor proporção metano (CH4) e outros compostos, têm a propriedade de serem opacos aos raios infravermelhos do solo quando dissipados para o espaço e com isto aquecer as baixas camadas da atmosfera. Graças a este processo, a temperatura do ar que nos envolve é favorável às formas de vida existentes; este processo natural é chamado de "efeito estufa", por analogia às instalações que protegem culturas vegetais frágeis do frio, onde meios de vidro que deixam passar a radiação solar visível impedem a fuga dos raios infravermelhos.
Este crescente aumento de CO2 na atmosfera tem deixado os cientistas apreensivos em relação às possíveis conseqüências climáticas.
Percebemos que, conjuntamente com o vapor d'água, o dióxido de carbono é um grande absorvedor das radiações solares capazes de aquecer a atmosfera; quanto mais vapor d'água e CO2, mais quente estará o ar. A preocupação de muitos cientistas está, portanto, voltada para o perigo de um aquecimento global da atmosfera devido às altas concentrações de CO2, através do agravamento de um fenômeno essencialmente natural: o "efeito estufa". Estas preocupações têm razão de ser, haja vista, que o CO2 é fator importante no aquecimento da atmosfera. Porém, relações de causa e efeito entre taxas de concentração de CO2 na atmosfera e níveis de temperatura ainda são uma questão sem resposta, definitiva Sabe-se que a terra conheceu períodos muito quentes durante os quais as taxas de CO2 eram muito elevadas, mas a concentração do vapor d'água que contribui em primeira ordem para o "efeito estufa" era provavelmente bem maior.
Estudos sistemáticos foram feitos até 150.000 anos atrás, comparando o volume das geleiras, o nível dos mares e as taxas de CO2 (as taxas de CO2 foram calculadas medindo a composição isotópica de carbono em conchas de foraminíferos). As concentrações de CO2 na atmosfera atingiram o maximum de 350 ppm antes do começo do último período interglacial e atingiram o minimum de 225 ppm pouco antes do último maximum glacial; a relação de altas e baixas concentrações de CO2 na atmosfera e períodos quentes e frios, respectivamente, foi exata nestes estudos. A questão que se coloca é se as taxas de CO2 que parecem anunciar um resfriamento e um aquecimento são efetivamente a origem destas variações ou são reflexo de causas mais profundas. A análise isotópica do carbono contido em anéis de crescimento dos troncos de árvores indicou fortes variações nas taxas de CO2 na atmosfera, na Europa, no curso dos últimos 15 séculos. Entre o ano 1000 e 1010, a taxa de CO2passou de 230 ppm para 310 ppm, aumento semelhante ao atual; essas 310 ppm estão associadas ao quente período das populações Viking. Se este quente período precedeu ou sucedeu o aumento de CO2, é uma questão sem resposta. Por sua vez, as 230 ppm - taxa equivalente à do último maximum glacial há 18.000 anos - não corresponderam a um período glacial (POSTEL, 1986, p. 26). Isto nos mostra que a relação entre alterações climáticas e aumento de concentração de CO2na atmosfera ainda está em fase especulativa.
No entanto, caso mudanças climáticas ocorram decorrentes do aumento de dióxido de carbono na atmosfera, sem dúvida alguma os ecossistemas terrestres serão afetados. Efeitos serão sentidos na distribuição e composição da fauna e flora dos ecossistemas, decorrentes de inúmeras variáveis que mantêm o atual equilíbrio biológico. Haverá mudanças na temperatura e conseqüentemente no regime das chuvas, no escoamento das águas, na vazão dos rios, na umidade dos solos, na evapotranspiração, enfim, nas variáveis que participam das relações fundamentais da natureza
Diante de tantas incertezas, uma questão não deixa dúvidas: o homem provoca a liberação para a atmosfera de grandes quantidades de CO2. Descobrir como a Terra - velha conhecida do CO2 - vai reagir aos impactos da liberação excessiva deste gás é toda uma questão em aberto.
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